segunda-feira, 21 de setembro de 2009

UM MERCADO PRECIOSO. BASTA GARIMPAR


A abordagem vai além do famoso “posso ajudar?”. Com simpatia, conhecimento do produto e gentileza, Júlio Nóbriga, 31 anos, intermedia o primeiro contato entre os clientes e a joalheira onde trabalha. Ele sabe que a impressão que o vendedor transmite é responsável por boa parte das vendas. Hoje, na gerência, Júlio mostra que é possível construir uma carreira promissora no comércio.

Mas, chegar ao topo da profissão não é tarefa fácil. Para vender jóias ele teve que se especializar e participar de feiras e cursos. O conhecimento especializado fez com que seu salário aumentasse vinte vezes do início da carreira até hoje.

A disposição de Júlio não é regra. Apesar da forte tendência de valorizar profissionais qualificados e com experiência, o comércio é visto como campo para estreantes. “Vendedor é considerado uma subatividade, por isso acham que não é preciso formação. É verdade que o vendedor aprende com a experiência, mas, a cada aprendizado, pode perder vendas e clientes”, analisa Alexandra Ayres.

A procura por profissionais é grande. No fim do ano por exemplo, a Associação Brasileira das Empresas de Serviços Terceirizáveis e de Trabalho Temporário estima que sejam abertos 123 mil postos temporários – 7% a mais que em 2008. Associada à grande demanda, a baixa exigência de qualificação faz com que boa parte dos postos no comércio seja preenchida por jovens que encaram o setor como quebra-galho. No Distrito Federal, o varejo emprega 26,4% das pessoas entre 16 e 24 anos.

Encarar o comércio como carreira é um passo importante para conseguir se manter nele. Esse é o segredo de Leonardo Carvalho, 35 anos. Ele entrou no ramo como vendedor de uma loja de roupas e hoje é supervisor de três lojas da mesma rede. Determinação e busca constante por capacitação formam a receita de sucesso.

O comércio serve de primeiro emprego para muitos jovens. Mas, nem todos o conciliam com a sala de aula, mesmo que seja a formação tradicional. Segundo Dieese, 70% da juventude comerciária está longe das escolas, e um dos motivos é a alta jornada de trabalho. “Sem tempo para estudar, o profissional não vai se capacitar e vai continuar com os baixos salários. Assim, ele perpetua no comércio a característica de uma vaga que exige pouco estudo”, analisa Diego Romano.

Fonte: Aguer, Marcelo: editor. Caderno Trabalho e Formação Profissional do Jornal Correio Brasiliense – Matéria de Capa, Domingo: 06 de setembro de 2009. Brasília, 2009.

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